segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Origem da Guarda Negligente [Baseado na Lei 58ª Edição]

por Cacá “King Size” Müller

 

A história da polícia no Brasil é antagônica e faz jus ao reflexo que hoje surge nas atuais instituições de segurança pública pátrias. Com a militarização das polícias, houve a predileção pela ordem, em vez do discernimento. É de fácil constatação que o militarismo se amalgama com a obediência, em contraponto à autodeterminação.

 

As primeiras forças de segurança no Brasil nos remetem, principalmente, aos Henriques, à Guarda Real carioca e à Guarda Civil paulista. A ordem era a representação dos interesses dos ricos, detentores do poder secular. Já a desordem ocorria quando a população pobre e marginalizada era contida em suas manifestações através da criminalização de suas manifestações culturais típicas. A polícia, então, era a força que mantinha os interesses dos ricos resguardados, através da ordem e das garantias legais (de um Estado que não se atenta para as necessidades de seu povo e que é governado por uma oligarquia velada).

 

 

Na sociedade brasileira do século XIX, os europeus e seus descendentes formavam a elite governante; assim, a grande massa pobre, negra, índia e marginalizada precisava ser contida, mas onde recrutar agentes para tal missão? No próprio seio da pobreza. Desta sorte, os primeiros policiais brasileiros – por assim dizer – serviam para manter a ordem instituída contra seus próprios pares. A Capoeira, o Candomblé, a Pajelança, o Culto Juremeiro e até o hábito de fumar cannabis sativa foram criminalizados e proibidos. Porém, aqueles que tinham o encargo de manter a proibição, eram aqueles mesmos que eram proibidos.

 

Sobre o tema, há a obra Uma Breve História da Polícia no Brasil, da autoria de Flávio Tadeu Ege, o qual também mantem um blog homônimo sobre o mesmo tema de seu livro, do qual extraímos o seguinte edital para ilustrar o preconceito enraizado nas instituições de segurança pública do Brasil:

 

"A Delegacia Regional de Polícia desta cidade recebeu da Chefatura de Polícia a circular de teor seguinte: “Senhor Delegado, solicito as vossas providências no sentido de serem angariados neste município e apresentados nesta capital, na Guarda Civil, indivíduos que desejem alistar-se nessa corporação. Os candidatos deverão reunir as condições essenciais exigidas pelo respeitoso regulamento e que são; 1 metro e 72 centímetros de altura, no mínimo, saber ler e escrever, ter boa conduta, idade mínima 22 anos, preferindo-se homens robustos, maiores de 25 anos, de cor branca, de boa dentição e constituição física perfeita”.

(Diário Nacional, 12/06/1929)

 

Assim, é fácil perceber que a Guarda é negligente, pois falta-lhe preparo. Talvez, se passassem por menos horas de lavagem cerebral de “sim, senhor” e “não, senhor”, e mais aulas de Direito Constitucional, Direitos Humanos e urbanidade, vivêssemos uma realidade diferente na segurança pública nacional, com a efetivação dos planos de contingência de criminalidade através de outras táticas, que não a violência e os – tão corriqueiros – abusos. Observe, reflita, pense, critique, evolua e mude o mundo.

15 comentários:

  1. Excelente texto! Se agente parar pra olhar... já evoluímos bastante. Não o suficiente, mas já vivemos com muito mais liberdade e conhecimento que as pessoas destas épocas.
    Vamos fazer valer nossos direitos e nos lembrar que nada vem sem luta! Chame seus amigos pra Marcha! Chame seus amigos para Discursos de Candidatos a cargos públicos! Seja um cidadão!

    Jah Bless~

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  2. Um dia o brasileiro vai acordar do coma, vai se libertar da matrix. Mas enquanto tiver cerveja gelada e futebol, hmm... vai ser difícil!

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  3. Excelente ler um texto assim, informativo e objetivo. A dose o suficiente para não levar a distração e ao mesmo tempo acender o calor da curiosidade. Pretendo ler o blog e procurar o livro. Obrigado por se dar ao trabalho de informar e não restringir-se somente ao puro entretenimento!
    MAT.

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  4. Anônimo, vc pensa exatamente como quem diz: "Enquanto tiver droga o brasil não vai pra frente..."
    Eu não gosto de futebol, mas é simplesmente um esporte, cerveja é simplesmente uma bebida alcoólica, e também uma droga. Não é o futebol ou as drogas que alienam o cidadão. É a falta de consciência política, consciência de como o mundo funciona. Isto tem a ver com ignorância e com a natureza do ser humano, que gosta de se divertir também.

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  5. Muito foda esse texto!
    Ninguem para pra pensar nisso né...acabou a ditadura mais ainda tem PM. lembra da av paulista na marcha do ano passado? só não vê quem não quer.

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  6. Essa leitura nos propõe um questionamento; vivemos numa Democracia ou numa "Democratura" militar?

    Parabéns a belíssima resenha do Cacá!

    Hasta la Victoria Siempre!

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  7. não faz 30 anos que saímos de uma ditadura
    2 ou 3 gerações no máximo se passaram!

    os que viveram a ditadura, em sua maioria ainda trazem marcas daquele tempo, tanto de comportamento tanto de opinião! e a maioria ainda está viva!

    vão algumas gerações ainda pra tirar todo esse mal da cabeça das pessoas e um interesse real por parte de nossos representantes de educar corretamente a população!

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  8. O indivíduo que entra pra esse tipo de atividade, tipicamente não aceita sua própria origem, condição sócio/econômica etc.
    Em alguns casos, seu inconsciente aplica mais ou menos o seguinte mecanismo:

    "Ei pobre, eu não quero que ninguém saiba que eu também sou pobre, por isso eu repreendo você."

    "Negro eu não quero que ninguém perceba que temos a mesma raça, por isso te aprisiono."

    "Não posso deixar que ninguém perceba que sou homossexual, por isso tenho que tripudiar os de mesma orientação."

    "Andar armado e revestido de impunidade é bom para mim, pois assim controlo facilmente àqueles que jamais conseguiria controlar por serem mais fortes que eu tanto física e moralmente."

    E por aí vai. Claro que não é só isso, existem diversas e mais diversas variantes.

    Daí o fato de esse indivíduo ter o perfil perfeito para subservir alegremente a todo um contexto superior que o denigre e rebaixa com os aplausos da maioria dos segmentos da sociedade.

    Fica uma interrogação:
    Quando a cannabis for legalizada, o que eles vão arrumar pra querer mostrar serviço?

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  9. São soldados do rei que é pra deixar o povo no chão....
    Planet Hemp teste drive de freio de camburão.
    Levam minha grana, nao sei mais quem é policia é quem e ladrão....
    Planet Hemp teste drive de freio de camburão.

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  10. este brasil que está aí tem que ser invadido e destruído. este "brasil" fracassou em tudo, principalmente em solidariedade, clemência, piedade, justiça. e quem é brasileiro de verdade não pode desejar o contrário. um outro brasil para nossos filhos e netos é possível. este brasil sil sil de m. tem que ser 100% destroyer, sacaram?

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  11. "Naquele tempo tinha o capitão do mato, que era mó traíra, tremendo atrasa lado. ficava na espreita, pra ver quem fugia, muito parecido com quem hoje é a polícia." (Rappin Hood)

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  12. Muito bom o artigo,Cacá! Informação contundente no Hempadão, é isso aí!

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  13. Tem um monte de policia que toma seu baseado da esporro e fuma depois em casa...porcos fardados

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  14. A.C.A.B. Porcos fardados, desde sempre ações facistas. Muito bom hempadao! #SativaLover legalize já!

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